A Associação de Criadores de Bovinos Mertolengos (ACBM) tem levado a cabo um programa de promoção das fêmeas F1 (Mertolengas * Raças Exóticas) como linha materna, “Mertolenga Programa F1”. Nesse sentido foram inseminadas algumas vacas com sémen de quatro raças exóticas (Salers, Charolesa, Limousine e Angus) e recriou os animais resultantes, alguns deles foram expostos em diversas feiras agrícolas (Ovibeja e Expomor). Este programa inclui a instalação de um efectivo Mertolengo na Herdade dos Souséis de Baixo, para desempenhar as funções de estudo, demonstração e divulgação, na produção de fêmeas F1 como futuras reprodutoras.
Com o propósito de prosseguir e aprofundar este projecto, a ACBM convidou as quatros associações detentoras dos Livros Genealógicos das referidas raças a estarem presentes numa reunião para a apresentação de um plano de trabalho e abordagem da possibilidade de estabelecer uma parceria/protocolo. A AAPT fez-se representar pelo presidente da Direcção, João Espadinha, e pelo técnico Pedro Santos Vaz.
A reunião decorreu no mesmo dia em que foi realizada a avaliação morfológica dos machos Mertolengos que participaram no Teste em Estação 1/2019. Neste teste de performance de machos Mertolengos, realizado no Centro de Testagem da Herdade dos Currais, participaram 26 animais, propriedade de 18 criadores aderentes ao Livro Genealógico da Raça Mertolenga. Os machos testados, foram escolhidos à entrada tendo em atenção os valores genéticos dos mesmos, referentes ao ano de 2018. Os animais são pesados à entrada no Centro e em função deste registo distribuídos por três grupos. O teste tem uma duração de 140 dias, com um período prévio de adaptação de 30 dias, sendo os animais pesados de 21 em 21 dias. A alimentação é composta por uma mistura alimentar de feno-silagem, feno e alimento concentrado, feita com recurso a Unifeed. O controlo da ingestão diária individual realizou-se através de estações de alimentação da Hokofarm. No final do teste é calculado o ganho médio diário (GMD), o índice de conversão (IC) e o consumo alimentar residual (CAR) para cada animal. Posteriormente a divisão dos machos testados em reprovados e aptos para avaliação final, baseou-se no índice do teste standartizado, que combina as estimativas dos valores genéticos para o GMD em teste, o IC e o CAR, ponderados respectivamente, em 50%, 25% e 25% e pelos seus desvios-padrão genéticos. É também apresentado para cada animal o Mérito Individual standartizado, que combina as estimativas dos valores genéticos para o intervalo entre partos (INTP), a capacidade maternal (PDMA) e o ganho médio diário em teste (GMD), ponderados respectivamente em 60%, 30% e 10% e pelos seus desvios-padrão genéticos. Os machos com Mérito Individual menor que 100 são reprovados no teste de performance. Quando o valor para os dois parâmetros é maior ou igual a 100 o animal em causa é classificado morfologicamente por um júri donde resulta a sua aprovação para a realização do passo seguinte que é o exame andrológico. Apenas os machos considerados aptos no índice do teste, na classificação morfológica e no exame andrológico, serão validados como futuros reprodutores.
A Aberdeen-Angus Portugal, para além da parceria no programa de fêmeas cruzadas, está a avaliar as condições para o estabelecimento de uma parceria mais alargada com a Associação de Criadores de Bovinos Mertolengos que permita a testagem de machos de raça Aberdeen-Angus nas instalações da ACBM.