A raça Aberdeen-Angus, nativa da Escócia, é uma das mais antigas do mundo. Não existe um registo datado do seu aparecimento, mas crê-se que esta remontará ao gado aborígene que pastava na zona Nordeste do país, que cobria a área dos condados de Aberdeenshire e Angus. Embora a sua ascendência tivesse cornos, a característica mocha foi desde sempre apontada na bibliografia, não se sabendo nem quando nem como aparece esta dominância, mas que persistiu devido também à selecção por parte dos criadores, que verificavam que estes animais possuíam fortes qualidades para a produção de qualidade: bom temperamento, estrutura média, facilidade de manutenção da condição corporal e excelente qualidade do “grão”, tenrura, sabor e sucolência da sua carne. Os locais designavam-nos como “humllies” em Aberdeenshire e “doddies” em Angus.
A maior pressão de criação e selecção aconteceu na segunda metade do Século XIX. No início não havia uma cor padrão, existindo animais pretos, avermelhados ou amarelados, alguns possuindo manchas brancas no corpo. No entanto, a cor mais popular era o preto e a existência de animais reprodutores de excelente qualidade morfológica e funcional fez cair em desuso as restantes, sendo a vermelha um gene recessivo, aceite no estalão da raça.
A criação, afirmação, disseminação e o sucesso da raça, que até hoje perdura ficou a dever-se, principalmente a três criadores, ao seu talento e dedicação na selecção do gado que deixou um enorme legado.
Hugh Watson é considerado o pioneiro e o primeiro a efectuar uma criação sistemática do gado “doddie”. Já o avô tinha uma predilecção pela raça, iniciando a criação em 1735, tornando-se assim uma tradição na família. O Sr. Watson tornou-se rendeiro em Keilor – Condado de Angus e recebeu do seu pai um núcleo de 6 das melhores fêmeas, assim como um toiro, todos da cor preta. Nesse mesmo ano (i.e. 1808), após uma grande prospecção nos mais importantes leilões da Escócia, adquiriu mais 10 novilhas pretas e 1 toiro, que ele considerou como os melhores exemplos do que deveria ser o padrão da raça.
Os animais mais notáveis, com origem em Keilor, foram o toiro Old Jock 126 e a famosa Old Grannie que morreu aos 35 anos de idade. Foram estes também os primeiros a serem inscritos no Livro Genealógico.
Outro importante criador foi William McCombie, fundador da criação em Tillyfour – Aberdeen, no ano de 1824, ficou conhecido com o grande melhorador da raça Aberdeen-Angus, pela perspicácia que tinha no emparelhamento dos animais, assim como pelas suas qualidades como criador e fervoroso participante em concursos.
A participação mais célebre foi em Paris no ano de 1878, onde ganhou, no International Exposition, o primeiro prémio como expositor e pelo melhor grupo de animais aptidão carne. Foi estranho para os Continentais verem um bovino “mocho”, ainda mais extraordinário que fossem premiados.
O Sr. McCombie ficou conhecido pelo enorme contributo como seleccionador dos melhores exemplares da raça, sendo fundador da linhagem de fêmeas “Queen”, das quais a famosa Queen Mother 41, mas também do toiro Black Prince of Tillyfour 77 que se encontra na ascendência de muitos animais Angus.
Fica-se também a dever a McCombie a junção das palavras dos condados onde a raça teve o seu impulso ficando a ser conhecida como Aberdeen-Angus.
A Ballindalloch – Condado de Bannf é considerada a mais antiga criação de animais da raça, mesmo antes de ficar famosa pela mão de Sir. George Macpherson-Grant, que a herdou em 1861. Muito do gado utilizado para a fundação do núcleo teve origem em Tillyfour, e a descendência ganhou muitos prémios em concursos, sendo determinante para o melhoramento da raça, tarefa a que se dedicou durante 50 anos.
O seu trabalho permitiu a construção de várias linhas maternas, como as Erica e que contribuiu para o estabelecimento de núcleos não só na Escócia, mas em muitos outros países.
Ainda hoje a propriedade é pertença da família Macpherson-Grant, fazendo com que a raça seja seleccionada há 150 anos.
Outros criadores, menos conhecidos, mas que foram de igual modo importantes no desenvolvimento da raça, são Lorde Panmure que para além de criar, também incentivava os seus rendeiros a seleccionar Aberdeen-Angus. Como animal de distinção, fica o famoso toiro Panmure 51.
Outro foi William Fullerton que iniciou a criação em 1833 sendo em que a vaca Black Meg é por muitos considerada uma das fundadoras da raça, dado que faz parte da maioria génese dos animais que originaram a raça.
A recolha de elementos para a construção das genealogias começou em 1842, mas um incêndio destruiu o acervo, tornando apenas possível a fundação e publicação do Livro Genealógico em 1862. Na altura foi designado por “Polled Herd Book”, porque fazia o registo de duas raças mochas, a Aberdeen-Angus e Galloway. A partir da 4ª edição do Livro, as raças passam a efectuar registos separados.
Em 1879 foi constituída a primeira associação de criadores da raça, designada por “Polled Cattle Society”, hoje conhecida por “Aberdeen-Angus Cattle Society” com a sua sede em Perth – Escócia.
O grande impulso da raça a nível mundial dá-se com a exportação e implementação, em 1873 da Aberdeen-Angus nos Estados Unidos da América. Em 1901 já se efectuavam mais registos de animais puros do que no Reino Unido, sendo hoje o maior efectivo mundial.